terça-feira, 30 de novembro de 2010

Xadrez na Rua da Cultura

por André Teixeira, Adriana Côrtes, Camila Moda e Lorena Ferro


Chatrang persa ou Chaturanga, como era chamado na Índia Gupta do século VI, ou Xiangqi chinês anterior a essa época? Teria sido no Irlanda, Irã, ou Afeganistão? Poderia ter sido durante as conquistas de Alexandre, o grande, ou, ainda, no contato comercial entre civilizações antigas. As possibilidades de uma única origem para o xadrez ficam descartadas diante de tantos antepassados. Mas a origen do xadrez na Rua da Cultura remontam ao seu início, há 10 anos, quando entusiastas do esporte começaram a frequentá-la . 

De lá para cá, todas as segundas-feiras na Rua da Cultura tanto os habitués quanto os esporádicos clientes seus tem, além dos shows musicais, vídeos, peças de teatro e outras intervenções artísticas, tabuleiros de xadrez das 18 às 23 horas.

Passarela do xadrez lotada com habitués e esporádicos jogadores.

Oxente, xadrez?!”. Fabrycio se surpreendeu quando chegou à Rua da Cultura para “escutar música e tomar cravinho na barraca do reggae” e encontrou seis pessoas jogando xadrez, entre eles um amigo da escola que prontamente o convidou a jogar uma partida. Estudante de Letras pela UFS e músico, Fabrycio dy Barros filosofa, "O xadrez é como a vida. Cada lance no tabuleiro é uma passo dado em direção à realização da idéia de vencer". Conversaram muito e jogaram uma longa partida.


Fabrycio e sua namorada: cervejinha, churrasquinho e xadrez, "Combinação perfeita!"


Diferente de Zenon e Demóstenes que jogaram várias partidas ao lado deles com um relógio que era estapeado a cada dois segundos. 

“É para marcar a duração das partidas”. Cada um tem 5 minutos para realizar os lances. Perde quem levar xeque-mate ou o tempo acabar primeiro. São as “partidas relâmpago". Jogam assim porque sempre há um “linha fora” para disputar a próxima com o vencedor da partida anterior na Passarela do Xadrez. Confiram abaixo um vídeo com uma demonstração de uma dessas partidas.



Zenon da Silva Moreira, representante de área de cosméticos, sempre teve curiosidade em aprender, mas só aos dezessete anos, quando veio morar em Aracaju, aprendeu com um amigo e não parou mais. Já foi duas vezes campeão nos torneios realizados durante o Projeto Verão, no Pólo Rua da Cultura. Freqüenta a Passarela desde a Rua Vila Cristina, primeiro endereço do projeto. Em 2006, quando a Rua da Cultura se transformou em Ponto de Cultura e ganhou o apoio da FUNCAJU, EM 2006, é que se formou um grupo mais coeso. Hoje os veteranos não vêm com tanta freqüência. Além da Passarela do Xadrez, Zenon também freqüenta o xadrez da Praça Fausto Cardoso e promove em sua residência aos sábados os torneios “Amigos da Praça”.



Demóstenes, à esquerda, ao perder mais para Zenon, que provoca:
 "Diz aí quem é o professor e quem é o aluno."


Demóstenes Alves Quintela Neto é corretor de imóveis. Aprendeu há 5 anos e desde 2006 freqüenta a Passarela. Sua paixão pelo xadrez surgiu de uma maneira diferente. Conta ele que um dia, em uma festinha na casa de amigos, todos jogavam e ele se sentiu “boiando”. Aí sentou e pediu para que o ensinassem. A partir daí não parou mais. Disputou vários torneios e é também adepto da versão on line. No jogo on line as disputas se dão com jogadores de todo o mundo. Diz ele, “não precisa falar a mesma língua, o xadrez é a linguagem”.

Zenon e Dedé, como Demóstenes é conhecido pelos amigos, disputam muitas partidas, sempre na brincadeira. O máximo que fazem, às vezes, é apostar uma cerveja. “A gente joga apostado na resenha, pra brincar”, diz Dedé. Os dois apostam no caráter lúdico do xadrez e dizem que é um jogo pra se fazer amigos. Zenon afirma que em Aracaju poucas pessoas vivem somente do Xadrez. Existe a Federação Sergipana de Xadrez, mas não dá para sobreviver profissionalmente do esporte. Quem vive do xadrez dá aulas particulares ou em escolas do estado. Mas é uma atividade com a qual não dá pra sobreviver, pois é pouco adotado em escolas, não garantindo a estabilidade financeira. 



Sandra Azevedo e Fábio Ricardo disputam uma partida.
Ao fundo o palco para as apresentações musicais.

Sandra Azevedo é a responsável por trazer o material de xadrez para a Rua. "Trago dois ou três tabuleiros de xadrez, um de War II e as cartas do jogo Magic. Tem sempre gente para jogar, só que o mais procurado é sem dúvida o xadrez". Fábio Ricardo frequenta a passarela a pelo menos 4 anos. Começou a jogar na escola e se apaixonou pelo esporte, já tendo participado de alguns torneios.

Fabrycio observa Zenon e Dedé, impressionado
com a rapidez das jogadas.

O xadrez tem uma história muito rica e agrega em torno de si os mistérios e dúvidas quanto a sua origem. O formato e as regras como vemos hoje, foi moldado entre os séculos XV e XIX. Vários nomes se tornaram famosos, como o francês André Phillidor, o cubano José Raul Capablanca, o lendário norte-americano Bobby Fischer e o russo Gary Kasparov. No Brasil o grande nome do enxadrismo ainda é o de Henrique Mecking, mais conhecido como Mequinho. Conheça alguns atletas sergipanos.


Se depender da Rua da Cultura o xadrez terá sempre um apoiador. Além de levarem os tabuleiros para as edições da Rua da Cultura, a sede do projeto também disponibiliza o material para quem quiser chegar e jogar. "A casa é de todos", como sempre diz o diretor disso tudo, o ator e diretor Lindemberg Monteiro.

2 comentários:

  1. O xadrez na rua da Cultura esta resumido nesta ótima matéria. Parabéns

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  2. Valeu, Dedé! Nós que agradecemos a oportunidade e a permissão por ter nos deixado "peruar" as suas partidas. Cobrir essa matéria foi superproveitoso. Nem sabia que o xadrez poderia ser tão dinâmico pois sempre escutei histórias de partidas de longa duração. O que mais me impressionou foi perceber o caráter amistoso do jogo. O olhar e as gargalhadas de vocês ao jogar, independente do placar, eram contagiantes.
    O fascínio pelo jogo é intenso desde as suas origens. Até o meu colega André sentou lá para algumas partidas. Isso é muito legal! Parece que vocês estão cobertos de razão quando dizem que o jogo oferece oportunidade para novas amizades.

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