sexta-feira, 22 de abril de 2011

Saudosismo marca o fim dos debates no EICA



Por Andréa Cerqueira
Ouvintes no 2º dia do EICA


1º mesa da tarde: Discursos sobre desenvolvimento sustentável
A complexidade da conferência final foi exemplificada pelo esgotamento do tempo estipulado para o encerramento da quinta feira, segundo dia do evento, que seria até as 18h, o que não ocorreu. O debate apenas teve fim uma hora após, deixando sentimento saudosista por parte dos palestrantes. Com questões mais pontuais que as mesas do turno da manhã, a participação de ouvintes foi maior.
Rosemeri Melo, ultima palestrante da mesa
A primeira mesa, coordenada por Jean Cerqueira, mestre pelo Prodema, pesquisador do Laboratório Interdisciplinar de Comunicação Ambiental - LICA e professor pelo departamento de Comunicação Social da UFS, abordou a temática: Discursos sobre o desenvolvimento sustentável. A mesa teve participação de Luciana Miranda Costa, jornalista com doutorado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (UFPA), juntamente com Gabriela Scotto, doutora em Antropologia pelo Museu Nacional da UFRJ, professora adjunta do Departamento de Fundamentos de Ciências da Sociedade da UFF e Rosemeri Melo e Souza, pós-doutora em Biogeografia pela The University of Queensland (Austrália) e doutora em Desenvolvimento Sustentável pela UnB, sendo ainda professora associada do Departamento de Geografia da UFS.  Houve um debate crítico sobre os discursos divulgados na mídia, com exemplos que deram uma boa visibilidade ao tema. A professora Rosemeri, no momento de seu discurso brincou com a plateia dizendo “até tu cara pálida”, ao questionar as verdadeiras intenções de cada um com a relação meio ambiente e homem.

Ultima mesa sobre ambientalismo com exibição de videos
Ambientalismo, consumismo e marketing verde foi o título dado à mesa mais complexa do evento, e a temática mais esperada pelos encontristas, por ser altamente debatida no cotidiano da sociedade e por ainda assim precisar de boa compreensão. Tendo início com exibição de vídeos e coordenada por Matheus Felizola, professor do Departamento de Comunicação Social da UFS, mestre pelo Prodema, doutorando em Ciências Sociais e pesquisador do LICA, com foco nos movimentos ambientalistas.
O debate foi realizado por Gino Giacomini Filho, livre-docente em Publicidade e Propaganda pela USP, professor e coordenador do Programa de Mestrado em Comunicação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). O debatedor foi questionado pelo aluno da UFS, Wesley Pereira, com uma afirmativa que durou aproximadamente cinco minutos, recebendo aplausos de todos e reconhecimento do próprio palestrante. Fátima Portilho, doutora em Ciências Sociais (Unicamp), professora do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), também participou do debate,  onde apresentou sua pesquisa Meio ambiente, consumo e cultura política, juntamente com Antônio Vital Menezes de Souza, doutor em Educação, professor do Prodema-UFS. 
Fotógrafos tentanto registrar imagens dos palestrantes

Idéias divergentes e expectativa para o 2º dia do EICA


Por Andréa Cerqueira
1º mesa de debates: Comunicação ambiental de risco, a questão fo petróleo

Coordenadora do EICA e da 1º mesa, Sônia Aguiar
Alta expectativa pelo segundo dia do 1º Encontro de Comunicação Ambiental (EICA), realizado no auditório da reitoria da UFS, tanto pela relevância dos temas abordados nas mesas de palestras, quanto pela biografia dos conferencistas, como Ana Cristina Carvalhaes Machado, jornalista de Economia e integrante da equipe da comunicação institucional da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); Nilton Marlúcio de Arruda, jornalista com mestrado em Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável, e coordenador de Organização, Gestão e Processos de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde (SMES) da Petrobrás, e Gicélia Mendes da Silva, doutora em Geografia e professora adjunta do Departamento de Geografia e docente do Prodema-UFS. Todos compondo a primeira mesa de palestras com o tema Comunicação ambiental de risco: a questão do petróleo, coordenada pela doutora em comunicação e professora da UFS pelo departamento de comunicação social, Sônia Aguiar.
Auditório da Reitoria-UFS
Os palestrantes tiveram idéias divergentes, o que enriqueceu o debate pós palestra entre acadêmicos, ouvintes, professores. Entretanto, segundo Wesley Pereira, acadêmico do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe, a “apresentação discursiva foi muito desviada em relação ao tema e repleta de contradições ideológicas que me pareceram malfazejas”. Segundo ele, isso inibiu parte do público ouvinte, em relação a perguntas para alguns palestrantes.
2º mesa: Vera Lucia Diegoli, editora-chefe do Repórter ECO
Já na segunda mesa do turno da manhã, Percepções e imagens do meio ambiente na mídia, coordenada pela doutora em Comunicação, pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (LICA) e professora do Departamento de Comunicação Social, Ana Ângela Farias, teve a contribuição dos debatedores Vera Lucia Diegoli, uma das criadoras e atual editora-chefe do Repórter ECO, Antônio Ribeiro de Almeida Júnior, professor associado do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq-USP e  Paulo Sérgio Maroti, doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar e professor do Prodema.
Sem muita repercussão do tema, houve encerramento das atividades do turno para o retorno previsto às 14h.
2º mesa da manhã: Antônio Ribeiro de Almeida Júnior em palestra


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sobre a cegueira midiática e as alegorias da caverna

por André Teixeira


Lembre-se daquela frase da Karl Marx: “A Força é a parteira do Progresso”. Ele poderia ter acrescentado [...] que o Progresso é a parteira da Força. Duplamente a parteira, pelo fato de que o progresso tecnológico fornece aos homens os instrumentos de destruição cada vez mais indiscriminada, enquanto o mito do progresso político e moral serve de pretexto para o uso desses meios até o último limite.

Aldous Huxley, em 'O macaco e a essência”

Carmópolis/SE, de cima. A imagem - cavalos mecânicos para prospecção de petróleo,
obtida via Google maps, foi apresentada no trabalho da Profª Gicélia Mendes da Silva.

Quando o ensaísta norte americano Henry David Thoreau escreveu “A vida nos bosques”, não sabia que lançava a pedra fundamental dos movimentos ecológicos do século XX. O livro é um manifesto poético que confronta o modelo da sociedade industrial. Publicado em 1854, antecipa em mais de um século o que hoje é muito mais que uma tendência e não apenas uma pauta constante na mídia, mas sim uma urgente necessidade: a de aprofundar a discussão acerca dos problemas relacionados ao meio ambiente provocados pela má condução desse modelo e seu reflexo negativo na vida em seus diversos aspectos.

Auditório cheio na abertura do EICA, que contou com representantes
dos realizadores e apoiadores do evento.
Como forma de ampliar o debate sobre o tema, o Laboratório Interdisciplinar de Comunicação Ambiental – LICA, realizou entre os dias 13 e 15 de abril, na Universidade Federal de Sergipe, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, ambos da UFS, o 1º Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental – EICA, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe – FAPITEC, do SEBRAE/SE e da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Aracaju (SECOM-PMA).




'Pescador visto de cima'. Confira a galeria
de fotos da exposição 'A cidade, os seres
e o ambiente': http://migre.me/4iI7I
O evento foi aberto com a exposição fotográfica “A cidade, os seres e o ambiente, seguida de uma mostra de vídeos ambientais do acervo do projeto Circuito Tela Verde, organizada Cine Mais UFS. O EICA teve como objetivo aglutinar, debater e divulgar pesquisas e experiências relacionadas ao papel da informação, da comunicação e da mídia no enfrentamento dos problemas ambientais contemporâneos. 


Nesse intuito vieram ao Sergipe professores, mestres, doutores e pesquisadores de diversas áreas: jornalismo, marketing, publicidade, audiovisual, educomunicação, serviço social, economia, ciências sociais, educação. Foram discutidos os temas Comunicação ambiental de risco: a questão do petróleo, Percepções e imagens do meio ambiente na mídia, Discursos sobre o desenvolvimento sustentável e Ambientalismo, consumismo e marketing verde, debatidos em mesas redondas no 2º dia, além de quarenta trabalhos selecionados para explanações orais que visaram discutir a problemática ambiental pelo viés de como a mídia trata o assunto, de como a comunicação em suas diversas vertentes (marketing, publicidade, jornalismo, etc) se inserem nesse contexto, no último dia.


No que tange a organização do Encontro, todos os louros para os responsáveis. No sentido estrito dos termos propostos, o EICA atingiu plenamente seu objetivo. No sentido amplo, no entanto, careceu do mal que aflige Palestras, Congressos e afins: o tempo exíguo para assimilação das muitas informações importantes para profundas reflexões. 


Mesa que debateu a Comunicação ambiental de risco: a questão do petróleo: Nilton Marlúcio de Arruda, Sonia Aguiar, Ana Cristina Machado e Gicélia Mendes da Silva, uma das autoras do trabalho "Petróleo, Royalties, e Pobreza".

Os vários discursos, quer das mostras de foto e vídeo, ou na fala dos palestrantes e debatedores dos três dias do evento - das quais destaco a da Profª Drª Gicélia Mendes da Silva, sobre os royalties do petróleo e seus reflexos sociais em Sergipe, fizeram coro às palavras do Prof. Dr. Carlos Walter Porto-Gonçalves, que proferiu a conferência de abertura, “O papel da informação e da comunicação em tempos de neoliberalismo ambiental”.

Wesley Pereira de Castro, aluno da UFS que escreveu
ótimo texto sobre a palestra do professor Carlos.
Após apresentar uma linha do tempo com fatos importantes para a discussão ambiental - a Revolução Industrial, o movimento da contracultura nos anos 60, os acordos realizados no âmbito da política internacional que institucionalizaram o tema a partir dos anos 70, incluindo-o na agenda dos “países em desenvolvimento” - ou “novos colonizados”; os anos 80, que apresentaram ao mundo um novo protagonista no debate ambiental, Chico Mendes, incensado pela “grande” mídia brasileira após ser matéria na imprensa internacional no dia seguinte à sua morte; a ECO-92 no Rio de Janeiro; O protocolo de Kioto, o professor expôs os grandes problemas das ações e inações contemporâneas. 

Um dos principais dilemas é o de como a imprensa silencia e os meios de comunicação não tratam das questões com a devida profundidade, de forma a manipular (direta ou indiretamente) a informação. Para exemplificar disse que “Discute-se muito o efeito estufa mas não se discute a causa do efeito estufa”. Disse também que a última contabilização dos números referentes a disputas territoriais  no Brasil somam 880 conflitos, dos quais o MST não é responsável pela maioria. "Por que essa informação não está na grande mídia”.

Vídeo disponibilizado por Elaine Casado

Paradoxo: “Por que se tem uma devastação tão intensa no momento em que tanto se fala em salvar o planeta. A gente tem um dilema: parece que não é o planeta que está se beneficiando do discurso de salvação do planeta” Carlos Walter Porto-Gonçalves 

Sobre esse grande ou parcial silêncio, que é alimentado pelas corporações que pautam - quando não são os locadores dessas novas cavernas de Platão - a indústria midiática, peço emprestado ao sociólogo francês Michel Maffesoli, considerado um dos fundadores da sociologia do cotidiano, um parágrafo do seu livro "Saturação": 

"Na corte dos imperadores bizantinos, existiam os silenciadores oficiais. A função deles era fazer calar os perturbadores de toda ordem, para que reinasse apenas o pensamento estabelecido. Para usar palavras contemporâneas, trata-se da conspiração do silêncio, descartando insidiosamente todas as análises que lembram que não se saberia reduzir o grande desejo de viver, em seu aspecto qualitativo, à mesquinha necessidade em seus limites quantitativos."

Mas, em tempos das redes e mídias sociais, do ativismo ambiental e político de blogueiros isolados ou em grupos, da convergência midiática na prática, dos canais alternativos para se obter informação, cega-se muitas vezes pela certa conveniência dos comodismos hodiernos. Como bem o disse Saramago, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem”. Só numa sociedade orientada por esses valores é que pais levam seus filhos menores para tomar banho em águas ridiculamente entupidas com seus próprios coliformes fecais, no fim-de-semana-padrão-dos-trópicos. Só uma sociedade orientada pelo sucesso do capital aceita passiva a cumplicidade no assassinato de milhares de brasileiros, ano a ano, pela faca invisível do enxofre contido no DIESEL nacional, cujo índice é 50 vezes maior que o padrão internacional. Em 2009 deveria ter sido feita a adaptação de carros pelas montadoras e do combustível pela Petrobras. Mas uma liminar prorrogou o prazo por mais alguns anos. Sobre o assunto jornalista Clóvis Rossi,  escreveu o texto "A gripe, o enxofre, o bolso, a vida". onde arremata: "Então, tá. A vida não é nada. O lucro é sagrado."

Além dos saberes interdisciplinares,  vemos como necessário, para desanuviar essa cegueira perenizada pelos atuais silenciadores oficiais, lançar mão de um entendimento holístico para que se perceba que essa visão antropocêntrica, norteadora da sociedade indústrial capitalista - entrópica por natureza, só levará o homem cada vez mais rápido ao seu fim como espécie. 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Convite: Exposição "A Cidade, Os Seres e O Ambiente"






     Venha conhecer a Exposição de Fotografia do EICA com o tema "A cidade, os seres e o ambiente" no hall da reitoria da Universidade Federal de Sergipe. 
    Com fotos de nove alunos do curso de comunicação da UFS, a mostra é coordenada pelas professoras Beatriz Colucci e Ranata Voss.
     A exposição ficará aberta ao público do dia 13 até o dia 19 de Abril.







Bom humor marca abertura do EICA

Por Daniel Nascimento

Profa. Sônia Aguiar, na abertura do EICA
Com muito bom humor, nessa quarta-feira, 13, foi aberto o 1º Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (EICA). Aberto pela exposição fotográfica e por uma mostra de curtas do Circuito Tela Verde, o evento é uma iniciativa do Laboratório Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (LICA) e do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Vice-reitor particiou da mesa de abertura
A abertura foi realizada no auditório da reitoria da UFS e contou com representante de diversos órgãos e entidades. Participaram da abertura nomes como os do vice-reitor, Ângelo Roberto Antoniolli, da coordenadora do LICA, Sonia Aguiar, e do chefe do Departamento de Comunicação Social (DCOS), Fernando Barroso.


Carlos Walter Porto-Gonçalves
Logo após a finalização da mesa de abertura, foi a vez do doutor em Geografia e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter Porto-Gonçalves, subir à mesa para discutir o tema proposto: "O papel da informação e da comunicação em tempos de neoliberalismo ambiental”. Ele trouxe diversos assuntos à tona como o papel das ONGs, do governo e da universidade nas questões ambientais.


O doutor Carlos contagiou a plateia
Com um ótimo humor, o palestrante contagiou a plateia que lotava o espaço. Ele disse que ficou devendo um pouco ao tema proposto, já que a comunicação não foi o tema principal de sua palestra; mas, mesmo assim não desapontou os ouvintes e trouxe vários exemplos que ilustraram suas falas de vários modos.

Exposição

A exposição “A cidade, os seres e o ambiente” segue montada no hall da reitoria até a próxima terça-feira, dia 19. Ela conta com fotos de vários alunos dos cursos de comunicação da UFS e foi coordenada pelas professoras Beatriz Colucci e Renata Voss.



Mais fotos



Confira a programação dos próximos dias.



Confira depoimento da professora Sonia Aguiar sobre o primeiro dia do EICA.