quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A cidadania pode mudar o mundo?

Por Julie Martin & Sophia Bouzid

Hoje é domingo,  e como todos os domingos, Jacob chega na comunidade Pantanal, no Bairro Inácio Barbosa, em Aracaju. Ele mora num outro bairro da cidade, um bairro mais "seguro", mais "civilizado", mas diz que no Pantanal se sente mais confiante que na orla de Atalaia por exemplo: "Aqui nunca aconteceu nada comigo", afirma Jacob.

Jacob trabalha nesta comunidade que nós chamamos de “favela”. Todos os domingos ele dá aulas de  inglês para as crianças, através da associação C.H.A.M.A. (Consenso Humanitário para Arte em Movimento em Aracaju).


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Consenso Humanitario para Arte em Movimento, em Aracaju

Esta associação, criada por uma banda de reaggae, Oganjah, tem como meta aumentar a inclusão social através da arte e da cultura. Esse projeto de cidadania é liderado por os membros da banda e outros participantes como Jacob que intervem para dar aulas. O C.H.A.M.A propõe aulas de inglês, de dança, de capoeira, de boxe de jiu jitsu, de hip hop, de ginastica, de reforço escolar ... para crianças, adolescentes e adultos.

Ao chegar no Pantanal, Jacob primeiro tem que encontrar as chaves do local onde ele vai dar a aula semanal. O local so é um hangar, onde tem livros, material escolar, cadeiras, um quadro negro … A segunda tarefa de Jacob é encontrar os alunos.




Convidando uma aluna
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“Eles não têm nenhuma noção do tempo, cada domingo eles perguntam “ah ? Hoje tem aula ?!” e eu tenho que responder que sim, que hoje é domigo e que como todos os domingo, tem aula às 10, eles não assimilam”. Então Jacob anda um pouco nas ruas do Pantanal para fazer lembrar su compromiso aos alunos. 

Chegam os alunos, não mais de 5, e a aula pode começar. Alguns são mais serios, mais estudiosos, outros mais turbulentos. Mas para Jacob, todos participam para animar a lição, a aula é interativa. Além disso, ele não pode ser autoritario com os alunos indisciplinados, a aula não é obrigatoria, se ele dar uma bronca a uma criança, ela pode não voltar da proxima vez. 



Aula animada
 
Essa organização foi criada depois da morte de Fabio Ruas num acidente de moto, um cantor envolvido na luta das favelas de Aracaju para o desenvolvimento social e econômico. A família dele queria honrar a sua memória criando a C.H.A.M.A no Pantanal. Jacob sublinha que essa “associação” tem as vantagens e as desvantagens de uma organização familial: é bastante próxima da população e é accessível para todos, mas é também desorganizada.
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Proximidade e confusão
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Quando Jacob faz uma apresentação da associação ele reconhece, mesmo que não direitamente, que existem problemas da ação cidadã nesse tipo de organização. 

Por tanto demorou muito para ele acostumar-se à frustração criada pela diferencia entre a sua vontade de ajudar e as possibilidades de realização. A dificuldade é aceitar que esses esforços cidadãos e não oficiais não têm resultados bem visíveis. E preciso entender que essa ação cidadania é eficiente ao longo prazo e que não pode crescer mesmo porque educação não é a prioridade do povo da favela. 
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As vezes, um sentimento de impotência

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Concordamos para dizer que, mesmo Jacob sendo um “gringo”, ele participa ativamente nessa associação: a cidadania é a vontade de criar integração e vinculo social e não tem uma ligação tão apertada ao cartão de identidade. 


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Os perfis da cidadania

 

Mais informações : http://chamapantanal.blogspot.com/

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