Por: Daniel Nascimento, Eloy Vieira, Igor Bacelar, Joanne Mota, Manoela Veloso e Thiago Vieira
Travessia de barcos Aracaju/Barra. Mesmo com a ponte a população ainda prefere usar o chamados 'Tototós' |
“Quando a rua
começa a se movimentar sei que mais um dia já começou e mais uma vez tenho que
ir até o portinho para ligar o motor do barco e começar mais um dia de luta”.
Esta foi a declaração do barqueiro e morador da Barra dos Coqueiros Ariosvaldo
Euclides dos Santos, ao narrar a rotina que traça há 46 anos no trabalho de
transporte marítimo de pessoas que utilizam os ‘tototós’ como meio para se locomover no trajeto
Barra/Aracaju/Barra.
Segundo ele, esta é
uma profissão muito antiga e que já rendeu muito dinheiro para quem negociava
neste ramo. “Teve dias de eu só precisar trabalhar até as 10 horas da manhã,
nesta hora eu já tinha ganhado o dia de trabalho. Em 1964, este trabalho pra
mim era o melhor, ter um barco me animava muito”, explica o barqueiro.
Morador da Barra do Coqueiros, Ariosvaldo é barqueiros desde 1964 |
Triste e
desacreditado do seu ofício, Ariosvaldo diz que diferentemente dos anos
anteriores, hoje não se tem o mesmo faturamento de antes e um dos motivos foi o
avanço do progresso sem olhar para os comerciantes antigos da região da Barra
dos Coqueiros. Além de criticar o descaso das prefeituras de Aracaju e da Barra
e do Governo do Estado no que se refere a políticas públicas de apoio.
“A ponte
Aracaju/Barra (Construtor João Alves) trouxe muitos benefícios para a Barra, mas
acabou com o trabalho dos barqueiros. Hoje, com a ponte a gente gasta uma
semana de trabalho para ganhar o que conseguimos numa manhã de transporte. E as
prefeitas e nem o Governo estão ligando para os barqueiros”, desabafa Ariosvaldo.
Com embarcações que
comportam de 15 a 70 pessoas, além do comandante e marinheiro, tripulação exigida
para o funcionamento do barco, 24 barqueiros lutam para manter este serviço e atender
aos usuários que dizem gostar de usar o serviço.
Mesmo com a gratuidade no transporte urbano, o aposentado prefere fazer a travessia de barco |
Para o usuário Luiz
dos Santos, morador da Barra há 12 anos, o transporte nos to-to-tós mais tranquilo, além de ser uma coisa tradicional para a
Barra. “Sou aposentado e não pago mais passagem, mas prefiro para os to-to-tós a usar o serviço de transporte
público. Penso que as prefeituras deveriam olhar para este setor que está
esquecido e corresponde a um traço cultural da Barra”, salienta Luiz.
Alberto Santos
Cruz, barqueiro há 5 anos, explica que entrou no ramo por conta do pai, também
barqueiro por muitos anos. Ele diz que hoje a profissão passa por muitas
dificuldades, e a construção da ponte contribuiu ainda mais na piora da
situação.
Barqueiro Alberto Cruz atravessa o rio pela X vez |
“O trabalho hoje é muito difícil, a gente cobra um rela por passageiro e isso é para fazer a manutenção do barco, pagar o combustível, o marinheiro e sustentar a família. Por isso muitos companheiros têm que ter dois empregos ou fazer bico para conseguir sobreviver”, desabafa ele.
Os barqueiros também
informaram que o único acompanhamento que possuem hoje é da Capitania dos
Portos, seja na orientação da profissão seja nos itens que se refere à segurança
de quem usa o serviço.
Depois da construção da ponte Construtor João Alves, o trabalho dos barqueiros é cada vez mais raro |
Até o fechamento
desta matéria não conseguimos informações com a assessoria da Capitania dos
Portos para saber como se dá o acompanhamento dos barqueiros tanto na
fiscalização como na orientação de trabalho.
Que legaaaaaaaaal :D
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