quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Independência dos autônomos é exemplo de comportamento


   Trabalhar por conta própria e ganhar dinheiro com uma atividade que apetece é o sonho de muita gente. Mas, aspectos culturais e vários outros empecilhos impedem que certas atividades forneçam o retorno financeiro necessário para sobreviver. O dia a dia dos profissionais autônomos que trabalham no Centro de Aracaju, por exemplo, não é fácil. Competição direta entre si e a correria dos que passam pelo Centro são grandes vilões para os autônomos. De vendedores de doces à artesãos, aqueles que decidem se sustentar com o próprio negócio batalham para conseguir seu espaço no mercado de trabalho.

   Vários motivos levam as pessoas a trabalhar para si próprias. Muitas vezes, a grande questão é não ter que se submeter a regras, horários e sistemas de organização de empresas. Os autônomos fazem sua própria agenda e seu próprio sistema de trabalho. No entanto, geralmente descobrem que para ganhar com isso, também precisam de uma disciplina cerrada. É o caso de Adeilda dos Santos, conhecida como Tia Ilda. Baiana, Ilda trabalha vendendo doces no Calçadão da João Pessoa no Centro de Aracaju há cerca de três anos. Apesar de ter alcançado sua independência financeira, Ilda sofre com os horários. “Eu vou dormir às 02:30 da manhã e acordo às 06:00. Antes de dormir eu estou cozinhando e quando acordo também cozinho antes de trabalhar”, relata.
Maluh Bastos
Lohan Montes
   Além da disciplina, a falta de reconhecimento também é outro empecilho no caminho dos autônomos. Roger Angel, peruano que mora em Aracaju há 25 anos, trabalha com artesanato peruano – brincos, colares, pulseiras, etc. – e teve que aprender a conviver com a falta de atenção das pessoas e das mídias com o produto sergipano. “Por morar aqui há muitos anos, as pessoas já me consideram daqui. Acabei sentindo na pele o que o artesanato sergipano sofre”, conta. “Se o artesão for da Bahia, as pessoas o reconhecem porque faz arte baiana. Se for de São Paulo, o reconhecem por fazer arte paulista. Mas, infelizmente não reconhecem o artista sergipano”, lamenta Roger.

Morgana Brota
Morgana Brota
   Para completar o ciclo de dificuldades, este tipo de profissional tem que lidar com o fator mais complicado – o retorno financeiro. É o caso de Pedro Abel de 48 anos. Pedro trabalha desenhando quadros das pessoas na hora. Apesar de trabalhar com a técnica há cerca de cinco anos, Pedro já ‘foi e voltou’ na arte que pratica. Isso por causa do retorno financeiro precário. “Trabalhava com desenho mas parei por questões financeiras e fui trabalhar em uma sorveteria. Mas agora estou de volta, só não sei até quando”, confessa Pedro.

Lohan Montes
Diego Badia
   Apesar de todos os pesares, os autônomos, mesmo assim, desfrutam direta ou indiretamente de uma independência. “Eu gosto de trabalhar com meus doces”, confessa Ilda. “Apesar de ser bem trabalhoso mexer as massas, eu gosto muito do que faço”. Roger, o artesão, também desfruta desta vantagem de trabalhar com o que gosta. “É como um mantra para mim ou uma atividade terapêutica, pode-se dizer”, revela. E Pedro assina embaixo. “Estou em busca deste retorno para meu trabalho porque eu adoro o que faço que é desenhar”.

   Reconhecidos ou não, com empecilhos ou não, os profissionais autônomos são mais que uma realidade nas ruas das cidades. Por se tratar de trabalhadores que não se prendem a empresas, muitas vezes, não é possível mensurar a quantidade de trabalhadores deste estilo. No entanto, uma coisa é certa: os autônomos, cada vez mais, representam o desejo de comportamento de muitos brasileiros – o desejo da independência.


Por: Diego Badia, Lohan Montes, Maluh Bastos, Morgana Brota

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