1º Torneio de Vôlei Sentado abre espaço para a divulgação do
paradesporto
Por Iargo Souza, Nayara Arêdes, Raimundo Morais
e Victor Daniel
Na manhã do sábado, 19, realizou-se
no ginásio do Instituto Federal de Sergipe (IFS) o 1º Torneio de Vôlei Sentado
do estado. Mais do que a competição, o evento visa promover a inclusão social e
a cidadania, oferecendo aos para-atletas a oportunidade de entrar em contato
com o esporte de modo a superar suas limitações físicas. Além dos
paradesportistas, o torneio se voltou aos próprios estudantes do IFS. Os alunos
do 1º ano do curso de informática não só participaram da organização como
também competiram.
Paratletas treinam antes dos jogos |
Equipes reunidas de confraternização |
"Devemos adaptar as regras para que todos possam jogar", diz Oswaldo |
Mirela se emocionou com a experiência |
O Paradesporto e o
vôlei sentado em Sergipe
Paratletas e alunos do IFS se cumprimentam após o jogo |
"Tenho uma irmão paraplégico,
meu sonho é vê-lo aqui",
conta Ruth
|
O professor Oswaldo Mendonça
explica que no estado, o paradesporto iniciou-se em 2003, com a prática do
basquete em cadeira de rodas. Após cinco anos, alguns dos atletas que praticavam
essa modalidade passaram a jogar o vôlei sentado dentro de uma sala de aula,
sem a estrutura adequada. O IFS acolheu o esporte, disponibilizando seu espaço
para treinos. Desde então, o IFS transformou a iniciativa em um projeto de
extensão. Segundo a pró-reitora de pesquisa e extensão Ruth Andrade, “temos a
pretensão de ampliar o projeto. Queremos acolher os paratletas em nosso quadro
de alunos, criando cursos direcionados para que eles não venham aqui apenas
jogar, mas também se para que se capacitem inclusive para o mercado de
trabalho”.
Independente das medalhas, todos ganham com a prática do esporte |
Atletas sofrem com falta de divulgação e incentivo ao esporte |
Um dos entraves ainda enfrentados
pelos paratletas é a falta de apoio e de divulgação. O estreante Jailson Costa
fala de sua experiência: “Eu mesmo estou vindo pela primeira vez, e fui
convidado pra jogar quando estava passando na rua. Oswaldo parou o carro e me
chamou. Já tinha até ouvido falar antes, mas nunca no rádio ou na TV”. A este
respeito, Oswaldo diz haver planos de criação de uma página sobre o
paradesporto na internet em parceria com os alunos do curso de informática. “Temos
dois jogadores que saíram daqui de Sergipe e foram jogar basquete na Europa,
mas ninguém sabe. Nosso objetivo ao divulgar não é só preparar pra competição e
olímpiada, é o social”, diz.
“Rompendo fronteiras”
Hélio José, 58 anos, sofreu aos
13 o acidente que o fez perder uma de suas pernas. A partir de então, teve que
aprender a conviver com as limitações que sua condição física lhe impôs.
Ângela e Hélio: "me apaixonei por ele à primeira vista. No começo minha família era contra, hoje ele é o mais querido" |
"Quando moleque eu sonhava em ser
jogador de futebol. Cheguei até a ser convidado a jogar no Olaria, um time do
Rio, de onde venho. Mas quando aconteceu meu acidente, o sonho foi pro espaço. Aí
fui estudar, trabalhei desde cedo. Tive um problema de síndrome do pânico, e
como sempre vinha aqui em Sergipe, vim pra cá de vez. Um dia fui levar meu
sobrinho no futsal, e Oswaldo me falou do vôlei. Aí comecei a jogar, trouxe
minha família e desde então estou aqui. Claro que já cheguei a sofrer
preconceito na minha vida, mas a gente que é deficiente também tem preconceito
com outras coisas. Tem até preconceito de deficiente pra deficiente. Só que a
gente tem que aprender a absorver os tijolos que jogam em nossa cabeça e
construir uma casa. O deficiente é olhado com medo pela sociedade, mas isso pra
mim já é normal. E o esporte me ajudou muito, até com relação à síndrome
mesmo... Fez com que eu olhasse a mim mesmo sem ter vergonha, de um jeito
diferente. Ele faz com que você faça amizades e quebre barreiras. Hoje eu tenho
minha família unida, dois filhos, e um casamento de 32 anos. Se um dia eu
chegar a virar profissional é consequência, mas o que eu quero é continuar
jogando”.
Entenda o vôlei sentado:
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