Por Ayalla Anjos, Cleanderson Santana, Leandro Calado, Maíra Silveira, Sóstina Silva, Thaís Guedes
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No passado, concentravam-se os melhores cabarés no beco dos côcos |
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Hoje o local é abandonado pelos órgãos públicos |
Famosa rua aracajuana localizada entre a Praça General Valadão e o mercado central, antes conhecida por ter tido os melhores “prostíbulos” da cidade. Hoje, o mesmo local é ponto de uso de drogas, onde funciona a cracolândia do centro da cidade. Assim é o beco dos cocos, local onde durante o período da manhã compõe o centro comercial de Aracaju, e a noite passa a ser “residência” de muitos viciados em drogas. “O problema daqui é o consumo de drogas, os usuários consomem a qualquer momento do dia e não respeitam ninguém. Quem passa e vê as pessoas usando drogas ficam assustados e não voltam mais e isso acaba atrapalhando as vendas. A polícia aqui passa uma vez ou outra, fazem uma falta danada, o beco está abandonado.” afirma Claudio Mota que trabalha como vendedor no beco há oito anos em uma loja comercial. Lugar onde as pessoas evitam transitar, por ser um local de assaltos constantes.
À noite, o beco deixa de ser dos côcos e passa a ser o beco daqueles que parecem ter sido esquecidos por Deus: viciados, mulheres e crianças dispostos a qualquer coisa para conseguir a “droga nossa de cada dia”, travestis disputando espaço e clientes com as prostitutas, batalhando pelo seu ganha pão. Cena digna do filme “Eu, Christiane F. 13 anos, drogada, prostituida.” Porém essa cena não se passa em um subúrbio de Berlim, e sim aqui bem perto no centro de Aracaju.
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O comerciante Carlos Vagner trabalha no Beco dos Côcos desde a década 90 |
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É proibido estacionar, mas o beco serve de estacionamento |
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"Não tema os erros, eles não existem", diz a mensagem. |
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No beco dos côcos, os erros teimam em existir: vazamento de esgoto. |
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Problemas de esgoto compõem o cenário do beco
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Alô, é da prefeitura?
No ano de 2009, para promover uma mudança na “cara” do Beco dos Côcos, a Prefeitura Municipal de Aracaju lançou um projeto de revitalização que tinha como proposta a construção de um calçadão que serviria como via de circulação de pedestres. O projeto foi orçamentado em R$ 236.404,00 e seria executado a partir de janeiro de 2010. Houve várias reuniões na associação dos comerciários, em que os comerciantes apresentaram propostas de revitalização. "Achamos que o projeto ia sair do papel, mas até agora o beco dos cocos só tem drogas e prostituição ao fechar as portas da loja”, relata o vendedor Cássio Correia. De acordo com os comerciantes, da última reunião, que foi realizada ano passado, restou apenas a promessa de que o projeto estaria concluído até o final de 2010.
A única revitalização pela qual o beco dos côcos passou foi em 2009, com a intervenção de artistas plásticos e grafiteiros que ficaram responsáveis por tornar o espaço frequentável, um local de lazer e referência cultural. O local teve todas as suas paredes cobertas de desenhos e de cores, assim também como as calçadas, os postes. Além disso, o espaço contou com o projeto “Sexta no beco”, uma iniciativa do grupo Coletivo no Beco, formado por artistas, grupos folclóricos, de circo e audiovisual. Esse projeto deu certo, por um tempo.
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Poucos pedestres circulam diariamente no beco |
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Grafites fizeram parte da intervenção |
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Acredite no Brasil, diz a mensagem na camisa do engraxate Tiago dos Santos |
E tudo volta a ser como antes
Durante um tempo, o beco dos côcos teve seu público renovado as sextas à noite. Os antigos frequentadores foram afastados e outras pessoas em busca de outro tipo de diversão foram atraídas, mas não por muito tempo. Aos poucos o projeto “Sexta no Beco” foi perdendo suas forças.
Organizado pelo “Coletivo no beco”, o projeto era realizado sem apoio financeiro da prefeitura, o que inviabilizou a sua continuidade. "No início foi legal, a música era boa, o ambiente era bom, mas com o passar do tempo acho que houve um abandono por parte da prefeitura, o público começou a diminuir e o beco voltou a ter o sei cheiro habitual de urina. Eu cheguei a ir umas quatro vezes, mas abandonei o barco antes que afundasse" afirma Camila Cavalcantes, estudante e ex freqüentadora do beco dos cocos.
Após o fracasso, o Beco dos cocos voltou a ser de seus verdadeiros donos, que fielmente retornaram a sua morada noturna. Hoje o beco é dos viciados e das prostitutas. “ O beco dos cocos é só drogas a partir das 16 horas. É uma farra, é a verdadeira cracolândia sergipana.”- desabafa Claudio Correia, vendedor em uma loja de artigos de pesca localizada no beco.
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