Praça Fausto Cardoso |
Por Bárbara Costa, Alanna Molina, Ana Carolina Souza , Larissa Ferreira.
A Praça Fausto Cardoso, que fica no centro de Aracaju, é um marco na cidade. Muitas pessoas passam por ela todos os dias, seja a pé ou de carro, seja para ir ao trabalho ou para passar o tempo e admirar o local. Mas o que poucos sabem é que a praça não é apenas um local de visitação, ela também tem muita história.
Palácio no centro da cidade |
A praça era conhecida como Praça do Palácio, pois ela reunia quase todos os serviços públicos da Província: o palácio, algumas repartições e a Assembléia Provincial. Ela foi criada dois anos após a tranferência da capital de Sergipe (de São Cristóvão para aracaju), em 1857. Hoje, ela ainda reúne prédios importantes como o da Assembleia Legislativa, o do Tribunal de Justiça e do Ministério Público Estadual.
Antiga Assembleia Legislativa |
Áurea, à direita, visitando a praça pela 1ª vez |
Áurea veio à Aracaju pela primeira vez ano passado. Este ano a turista de João Pessoa está de volta, e ela já conheceu lugares históricos, como São Cristóvão. A paraibana achou o centro histórico de Aracaju preservado e organizado. “Acho Aracaju uma cidade linda, já vim há um ano e agora voltei para visitar novamente”.
Atual Assembleia Legislativa |
Porém, sua importância vai além do que está a sua volta. A praça era palco de muitas manifestações políticas, por causa da sua localização, como as lutas pelas “Diretas Já”. Além disso, até o início dos anos 90 do século XX, ali aconteciam eventos culturais, como os festejos juninos e o carnaval. Mas o fato mais importante, e que lhe ganhou o nome que carrega até hoje, foi a trágica morte de Fausto Cardoso, que aconteceu ali mesmo, naquela praça.
O herói que foi Fausto Cardoso
Coreto da praça Fausto Cardoso |
Fausto Cardoso foi um intelectual que nasceu em 1864 no município de Divina Pastora, em Sergipe. Ele estudou direito na Faculdade de Direito do Recife e foi discípulo de Tobias Barreto. Depois de terminar os estudos em Pernambuco, Fausto voltou para Sergipe. Porém esta época foi curta, e depois de alguns desentendimentos dentro da política local, ele resolveu se mudar para o Rio de Janeiro.
"A liberdade só se prepara na história com o cimento do tempo e o sangue dos homens" - Fausto Cardoso |
Foi no Rio que Fausto Cardoso realmente se tornou importante. Lá, tornou-se professor de direito, escritor e, ainda, chegou a ter um jornal, chamado “Aurora”. Mesmo longe, o intelectual fez parte da política de Sergipe, e acabou apadrinhado pelo então presidente da República, Prudente de Morais. Ele, então, se candidatou a deputado federal por Segipe, ganhou em 1900 e exerceu seu cargo até 1902. Perdeu a eleição seguinte, ganhando porém, o respeito e certa fama, por ter um grande dom com as palavras, principalmente ao fazer discursos. Ele retornou à Câmara em 1906, novamente como deputado. Este mandato, todavia, durou pouco, pois em agosto deste mesmo ano, Fausto foi assassinado.
O problema é que em 1906, além de ter sido eleito deputado, ele havia também sido eleito como oposição à política oligárquica em Sergipe. No caso, contra Olympio Campos, que era quem comandava essa política aqui. Esta política constituia-se de um acordo (não-assinado) entre o Governo Federal e o Governo dos Estados, que permitia que os governos estaduais, aliados ao federal, fossem reeleitos sucessivamente.
Quando finalmente Fausto voltou a Sergipe, com a pretensão de agradecer pela eleição, ele na verdade veio desafiar o poder que mandava no estado, no caso, o poder de Olympio Campos. Aqui já havia uma revolta preparada pelos seus partidários, que pretendiam derrubar o desembargador Guilherme Campos, irmão de Olympio.
Frase dita por Fausto Cardoso, encontrada no monumento em homenagem ao intelectual |
Na madrugada de 10 de agosto de 1906, os partidários de Cardoso tomaram o palácio Olympio Campos e estabeleceram um novo partido, o “Partido Progressista”. A revolta, que posteriormente ficou conhecida como a Revolta de Fausto Cardoso, durou apenas 18 dias, pois em 28 de agosto Fausto Cardoso decidiu enfrentar, sozinho e desarmado, o exército mandado por Olympio Campos. Talvez ele achasse que seu poder com as palavras fosse acalmar ou dissuadir as tropas, mas o que aconteceu foi que ele levou um tiro em frente a sua casa e morreu.
Depois disso o exército de desorganizou, um medo cresceu nas pessoas, medo de perseguição. O governo de Guilherme foi reposto e ele terminou seu mandato, porém, mais tarde, os filhos de Fausto assassinaram Olympio Cardoso e voltaram ao poder em 1912.
Fausto Cardoso ganhou, então, um monumento em sua homenagem, na praça homônima. A estátua foi criada pelo italiano Lorenzo Petrucci, e o que poucos sabem é que na base foram colocados os restos mortais dele e de Nicolau Nascimento, outro importante personagem da revolta. Este foi o primeiro monumento público erguido em Aracaju.
Fausto Cardoso |
Mas o intelectual não foi o único a ser homenageado na praça, Tancredo Neves também ganhou um monumento em sua homenagem,
Tancredo Neves: o presidente em Sergipe
Monumento em homenagem a Tancredo Neves |
Tancredo neves Nasceu em São João Del Rei, Minas Gerais, em 4 de março de 1910. Na política passou pelo Partido Progressista (PP), pelo Partido Social Democrático (PSD), foi um dos líderes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), fundou o Partido Popular (PP), mas acabou ingressando no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) por onde foi eleito governador de minas Gerais de 1983 a 1984. Nesse período político, houve grande mobilização social em prol do movimento Diretas Já partindo de jovens que exigiam eleições diretas para presidente. No entanto, com a derrota da emenda Dante de Oliveira, que instituía as eleições diretas para a presidência em 84, Tancredo foi o escolhido para representar uma coligação da oposição.
Um grande ato para lançar a sua candidatura em Sergipe foi o comício realizado no dia 15 de dezembro de 1984, na Praça Fausto Cardoso. Alguns líderes governistas que apoiavam Tancredo Neves também discursaram, como João Alves Filho, Albano Franco, Antônio Carlos Valadares e José Sarney. Cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes no comício, pessoas essas que vieram em nada menos que 300 ônibus de todos os municípios do interior do estado para assistir ao comício em Aracaju. Com apoio de vários políticos Tancredo Neves foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral na última eleição indireta do Brasil, em 15 de janeiro de 1985, derrotando seu opositor Paulo Maluf, de direita.
Às vésperas de assumir o cargo da presidência, Tancredo neves foi internado para tratar de uma doença que se descobriu ser um tumor no intestino. A presidência então ficou com o vice José Sarney. Tancredo morreu no dia 21 de abril de 1985. O direito de escolher diretamente o presidente e o vice-presidente foi reconquistado pelos brasileiros a partir de 1989.
A Ponte do Imperador e para o imperador
Um dos ícones da capital de Sergipe é o ancoradouro feito especialmente para a chegada do imperador Dom Pedro II em 1860, para que o Vapor Apa que conduzia Sua Magestade e sua comitiva pudesse ancorar. Apesar de ser feito para o imperador, o ancoradouro foi de grande utilidade para a população da época, pois quando não existia a Ponte a única forma de as pessoas chegarem à terra firme em Aracaju era descerem dos navios e entrarem em pequenos barcos, nas costas dos chamados estivadores.
É de grande importância a participação da Ponte do Imperador no processo histórico e político de Aracaju, pois era uma espécie de porta de entrada da capital, à beira do Rio Sergipe, anteriormente chamado de Cotinguiba. A Ponte do Imperador faz referência ao fato social da época, é um monumento que possui valor simbólico e social para a sociedade sergipana. Revitalizada, ela agora oferece aos visitantes uma excelente vista dos bairros da cidade ao longo do Rio Sergipe.
História pode ser chata e cansativa, alguns até a consideram inútil para suas vidas, mas pisar e caminhar pela história e não conhecê-la é uma vergonha. Quando se trata da história de personagens tão importantes para o que somos hoje, é de extrema importância que se saiba como e porque tais pessoas mereceram tais homenagens e o que fizeram; pois moldaram seu próprio futuro , e o nosso presente.
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