quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Projeto Tamar: 30 anos defendendo a biodiversidade marinha



Oceanário de Aracaju é espaço de conscientização ambiental e entretenimento.

Por Iargo Souza, Nayara Arêdes, Victor Limeira
e Raimundo Morais

Criado em 1980 na cidade de Pirambu, Sergipe, o Projeto Tamar difundiu-se pelo país e hoje, atuando em 23 bases espalhadas pelo litoral brasileiro, tornou-se referência no que concerne a proteção e pesquisa das tartarugas marinhas e outros animais aquáticos.


Em Aracaju, o centro de visitações do Projeto Tamar se situa na Orla de Atalaia. O Oceanário foi inaugurado em 2002 e tem grande movimentação de turistas e grupos escolares. “Em alta estação a gente chega a receber entre 100 e 150 pessoas por dia, mas temos visitantes durante todo o ano, principalmente turistas e estudantes”, diz Rivaneide dos Santos, recepcionista do centro.

O Oceanário conta com dezoito aquários, divididos entre água
doce e salgada
Alguns animais apresentam ferimentos causados pela ação
humana
A própria estrutura do espaço é pensada de forma a garantir ao visitante um ambiente temático: visto de cima, o Oceanário tem o formato de uma tartaruga. No seu interior, o centro de visitação contempla um anfiteatro para palestras e exibições de vídeos institucionais; aquários de água doce e salgada; tanque interativo – onde os visitantes podem ter um contato direto com várias espécies marinhas –; a lojinha e o espaço de festas. O ambiente inclui ainda a “quarentena”, local restrito em que os animais doentes são reabilitados e tem a possibilidade de serem reinseridos no seu habitat natural. Recentemente, o centro de visitação instalou um novo tanque, ainda em fase de testes e com previsão de inauguração neste ano.

O cavalo-marinho requer  maiores cuidados por ser um animal
sensível 
No aquário oceânico ficam os animais de grande porte

Tubarão desperta curiosidade e medo
entre os visitantes
Nos aquários e tanques do Oceanário encontram-se mais de 80 espécies, entre locais e provindas de outros estados. Os destaques em Aracaju são a Moréia, o Tubarão-Lixa, o Cavalo- Marinho, a Arraia e o Mero, além das tartarugas. O símbolo do Tamar em Sergipe é a Tartaruga Oliva, que pode chegar a 70cm de carapaça e pesar 45kg. Os pontos de ação no estado se dividem nas bases de pesquisa Pirambu, Ponta dos Mangues e Abaís, além de Aracaju. Nesses locais ocorrem desova e alimentação dos animais, havendo diariamente o patrulhamento de todos os pontos da costa. Somente neste mês, ocorreram 718 desovas da espécie Oliva em Sergipe.

A receita gerada pela loja é revertida
para a manutenção do projeto
Vale ressaltar que o projeto é mantido primordialmente pela venda de entradas nos centros de visitações e dos produtos da loja, muitos deles confeccionados pelas populações costeiras. Alguns dos parceiros do Tamar são antigos “tartarugueiros” – pessoas que coletam e consomem os ovos de tartaruga colocados na praia. Hoje, algumas dessas pessoas tornaram-se agentes do projeto, contribuindo com o trabalho de proteção dos animais que antes eram suas presas. Desta forma, o Tamar não só contribui para a manutenção dos ecossistemas como atua na cidadania e na formação da população. O projeto conta ainda com apoio da Petrobrás, que financia cerca de 30% dos gastos, além do apoio de algumas empresas privadas e de artistas. Nomes como Lenine, Margareth Menezes e Gisele Bündchen divulgam a causa, abdicando de seus cachês em prol da campanha.
O oceanário abriga espécies locais e oriundas de outros
estados
Réplicas das principais espécies de tartarugas

Problemas Ambientais
"Tinha trauma de água, perdi meu medo por amor ao trabalho
com os animais", conta Rick Vieira 
Segundo o veterinário Rick Vieira, a principal causa de impacto ambiental no estado é a especulação imobiliária. Neste sentido, o Tamar atua junto ao Instituto Chico Mendes (ICMBio) na fiscalização de obras, que leva à justiça as construções irregulares do ponto de vista ecológico. Outro ponto destacado pelo veterinário é a ausência de informação com relação ao trato dos animais. “Alguns animais chegam aqui com amputações e diversos cortes por todo o corpo, às vezes causados pela poluição e pela pesca inadequada, com o uso de anzóis comuns, por exemplo,” diz. A ameaça de extinção atinge diversas espécies, sobretudo as tartarugas. De cada mil filhotes, apenas dois atingem a idade adulta – um processo natural, que se agrava pela ação do homem. Para monitorar esses animais, o Tamar faz uso de chips que mostram sua trajetória e atividades, afim de compor estudos e estatísticas.


Quarentena recebe animais encontrados por moradores e
mergulhadores do projeto
Tanque de toque possibilita a interação dos visitantes,
sobretudo crianças

Com o objetivo de preservar as espécies marinhas, a equipe do Tamar compartilha o sentimento de amor pelos animais. “Há dezoito anos trabalho aqui, e minha motivação não é o dinheiro, e sim meu carinho pelos bichos. Ainda fico surpreso quando mergulho e vejo o fundo do mar, com tantos corais e peixes”, diz o funcionário José Valter Dias. A atuação do projeto é bem vista pelos visitantes. Na visão da turista recifense Dolores Mendonça, “é muito interessante ver um pouco desse mundo marinho, já que a gente é tão distante. É lamentável que muita gente ainda não 
se conscientize”.  Para ver nossa galeria: clique aqui
"O desconhecido causa admiração. Estou
aqui pela primeira vez, é ótimo", diz Dolores.


Mergulhador José Valter exibe a tartaruga
Magali

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