O ambiente universitário mostra a diversidade de estilos de roupas e comportamento, e conduz estudos científicos sobre isso
Por Edson, Diogo, Jefferson, Fabrício, Andreza e Daniel
A roupa que se veste e o comportamento que se adota estão
freqüentemente se tornando objeto de debate por estudiosos e também por leigos. Em determinados espaços existem regras claras do que é ou não é
permitido vestir, como em locais de trabalho, por exemplo. Porém esse conjunto de regras não se aplica no ambiente acadêmico. Ainda mais se considerarmos a Universidade Federal de Sergipe
(UFS), que se sobressai como um local que concentra uma grande diversidade de gostos, estilos e comportamentos diferentes. Para entender um pouco mais sobre os estilos que dominam a cabeça dos universitários, fomos conversar com alguns deles e conferir de perto as suas opiniões.
É possível encontrar alguns alunos usando roupas muito elaboradas e até formais, enquanto outros se vestem de maneira despreocupada. Mas não apenas alunos adotam estas variações de estilos, já que entre os funcionários e os professores também é possível detectar grandes diferanças no uso das vestimentas.
Dentro da própria universidade, alguns pesquisadores procuram estudar
essas e outras formas de comportamento. Como é o caso do professor Frank Marcon, antropólogo do Departamento de Ciências Sociais (DCS) da UFS,que possui alguns estudos sobre a influência do vestuário no comportamento e estilo de vida das pessoas. Segundo o professor,o modo de se vestir é uma forma de
expressar como as pessoas reconhecem a si mesmas, além de como
elas se reconhecem num espaço de convívio social. “As pessoas não precisam se conhecer pessoalmente para
compartilhar um estilo de vida” afirma o professor Frank.
Professor Frank Marcon |
Segundo ele, o
comportamento - a roupa que se veste, o modo de arrumar os cabelos, a música que
se ouve - faz parte de um contexto maior onde grupos sociais
buscam se expressar. E esses grupos podem ser gerados em certo momento e certo
lugar, ou a partir de um movimento longo e lento de toda uma sociedade. “A
distinção social se dá também pela aparência, pelo consumo cultural, como as
pessoas dão sentido ao que fazem”, diz.
Diversidade de
opiniões
Luciana Dantas, aluna de Fonoaudiologia |
Luciana Dantas, 19 anos, estudante do curso de Fonoaudiologia, afirma que às vezes se preocupa com a roupa que vai vestir, mas não quando
se trata de ir à universidade. Ela acredita que por ter escolhido um curso da
área de saúde, deverá seguir regras rígidas quanto ao vestuário no ambiente de
trabalho.
Entretanto, Luciana avalia que uma roupa não é capaz de definir a personalidade de ninguém, e muito menos a condições social ou outros indicadores que qualificem o indivíduo. “Numa batida de carro, por exemplo, o que estiver mais bem vestido será mais bem visto, o que nem sempre está correto” diz ela.
Entretanto, Luciana avalia que uma roupa não é capaz de definir a personalidade de ninguém, e muito menos a condições social ou outros indicadores que qualificem o indivíduo. “Numa batida de carro, por exemplo, o que estiver mais bem vestido será mais bem visto, o que nem sempre está correto” diz ela.
Bárbara Melo, aluna de Letras |
Já a estudante do curso de Letras, Bárbara Melo, de 22 anos, pensa
bem diferente. Por ser evangélica, a estudante segue regras de vestuário mais rígidas no cotidiano. Ela somente veste saias e não consegue se sentir confortável usando calças.
Bárbara acredita que a roupa reflete sua personalidade, e se acha capaz de saber
como os outros são por meio do que vestem. "Me acho uma pessoa
forte e decidida, e creio que todos podem perceber isso por meio das minhas roupas", afirma. Além dos motivos religiosos, ela
guia sua escolha não pelo humor, mas pela praticidade e conforto, sempre pensndo no lado
funcional da roupa, e não apenas no estético.
Levi Marques, estudante do curso de Psicologia, de 20 anos, atenta
para o poder de comunicação que as roupas têm. Ele dá como exemplo as camisetas
que fazem propaganda de bandas de rock e que são muito comuns entre os jovens universitários. Ele diz que
nunca usa tênis e nem calças, e que veste “a primeira roupa limpa” que
encontra. Para ele, a roupa não tem relação alguma com seu humor.
Já para Douglas Nascimento, estudante do curso de Artes Visuais, de 21 anos, a meta é não seguir o que a mídia determina, e nem seguir estereótipos da moda. Ele ainda diz que não gosta de usar cores vibrantes, só veste apenas tons pasteis, mas que isso não significa que não tenha bom humor.
Já para Douglas Nascimento, estudante do curso de Artes Visuais, de 21 anos, a meta é não seguir o que a mídia determina, e nem seguir estereótipos da moda. Ele ainda diz que não gosta de usar cores vibrantes, só veste apenas tons pasteis, mas que isso não significa que não tenha bom humor.
Levi Marques, aluno de psicologia |
Douglas Nascimento, aluno de Artes Visuais |
Mais do que aparenta
O professor Frank diz que nem sempre a roupa representa quem
a pessoa é, mas pode indicar o que ela sente e, principalmente, dar pistas sobre o que ela faz.“Pessoas que partilham um modo de vida partilham-no em um
momento, mas nem sempre em outros momentos. Em uma hora somos pais, outra somos filhos, em outras professores, e ainda alunos” diz ele. O professor explica que a sociedade faz
das roupas um símbolo, cada roupa simboliza uma coisa, e o modo de se arrumar
com elas é igual uma encenação teatral, onde cada um mostra quais os valores e
as idéias que formam sua vida.
O professor Frank mostra um exemplo curioso. Como seria o
relacionamento entre um garoto punk e uma menina cristã? Todos estranhariam a
cena pela grande diferença da aparência de ambos. E essa diferença realmente é
fruto de uma diferença entre seus valores e concepções de vida. Enquanto o
cristianismo se preocupa em estabelecer regras e moralidades, o movimento punk
se preocupa em não impor regras e moralidades. Entretanto, o professor usa o
mesmo exemplo para mostrar um fator importante, o modo como a sociedade muda o
significado simbólico de alguns estilos de vestuário.
Ele mostra como algumas roupas e assessórios do movimento
punk foram perdendo seu significado de protesto e transgressão. Por isso, a
indústria da moda passou a usar essas roupas como produtos, e eles se mostraram
lucrativos. O professor explica como esses processos são complicados, os punks
originais não queriam criar regras, e sim contestá-las. Pporém, existem regras
de arrumação das peças e assessórios para que uma roupa seja considerada punk.
É assim que o professor de Antropologia, Frank Marcon, ilustra
o quanto todas as pessoas são complicadas. As idéias punks que queriam
desdenhar dos padrões de se vestir bem criaram outros padrões de se vestir bem,
que hoje são contestados de outra forma. Logo, o professor mostra que o termo
“modismo” se refere não só a roupas, mas a símbolos de comportamento social. "O
símbolo pode ser fruto de uma idéia, e uma idéia pode ser fruto de um símbolo.
O ser humano é tão complexo, que cria símbolos de símbolos. A relação entre estilo de vida e moda é uma via de mão dupla. Os
estilos de vida podem gerar modismos, e os modismos podem gerar estilos de
vida”, conclui o antropólogo.
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