Por Iargo Souza, Nayara Arêdes e Victor Limeira
Presente no cotidiano do consumidor, a Cesta de Produtos Básicos ou Ração Essencial Mínima é a medida padrão para a alimentação do brasileiro. Definida pelo Decreto-Lei 399, de 30 de abril de 1938, a Cesta Básica é a quantidade mínima de produtos utilizados por uma família no período de um mês. No Brasil, as quantidades mudam segundo a tradição alimentar de cada grande área do país, e os preços variam de capital para capital.
De forma geral, a cesta básica é
composta por 13 itens: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão
francês, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. As quantidades são pensadas de
modo a garantir o sustento do indivíduo, contendo teores balanceados de
nutrientes. Apesar disso, é consenso entre os nutricionistas que a cesta é
fraca em vitaminas e minerais, encontrados em frutas, verduras e legumes.
Produtos básicos não suprem devidamente as necessidades nutricionais |
"Prefiro fazer compras aqui e levar pra meu filho em Salvador. Sai mais em conta.", diz Eliane Leal |
Outra discussão a respeito da cesta básica relaciona-se ao que deve ou não ser considerado básico para o sustento de uma família. “Arroz, feijão e macarrão não bastam. Material de limpeza é indispensável também”, diz Eliane Leal, professora e mãe de quatro filhos. Além disso, as quantidades previstas pela cesta não são consideradas suficientes pelo consumidor. “Não dá pra viver só com a cesta básica. Pra família pequena até dá, mas quem tem três, quatro filhos, como é que faz?”, indaga a funcionária de farmácia Helena da Silva. Na prática, portanto, a cesta básica é mais uma unidade de medida abstrata ligada ao poder de compra do salário mínimo que um padrão de consumo.
"Comprar em mercadinho às vezes é mais vantagem do que em supermercado", opina dona Helena |
A quantidade de carne na cesta básica varia de acordo com a região |
A distribuição dos produtos nas grandes áreas segue a divisão Sudeste, Sul/Centro-Oeste e Norte/Nordeste. Os cardápios regionais variam de acordo com o costume de cada população. Enquanto no Centro-Oeste e no Sul a cesta básica contém 6,6kg de carne devido às tradições locais e à baixa temperatura da região, no Norte e Nordeste essa quantidade é de apenas 4,5kg. A farinha, por sua vez, tem maior importância nas regiões Norte e Nordeste: 3kg, contra 1,5kg no Sudeste.
Banana e tomate são as únicas frutas que compõem a cesta |
A cesta básica em Aracaju
O feijão é um dos produtos da cesta básica que mais sofreu variação de preço no último semestre |
Entre os consumidores ainda não há consenso sobre o que é realmente básico |
Enquanto o valor da cesta básica sofre
variações, o salário e o poder de compra não acompanham o ritmo. “Às vezes tem
promoção, mas sempre os preços aumentam. E o salário aumenta só uma vez por
ano, se é que aumenta”, diz Jefferson Barbosa, caldeireiro e pai de duas
filhas. No período de janeiro a agosto
deste ano o gasto com carne sofreu elevação de 3,87%. Na mesma época o tomate
variou de R$ 19,80 para R$ 21,72 chegando a R$ 26,64 no mês de março. Os
aumentos de preço, no entanto, seguem uma tendência nacional, o que justifica a
posição de destaque de Aracaju com relação ao baixo custo de vida.
Nas regiões Norte/Nordeste, a quantidade de tomate é de 12kg; 3kg a mais que nas outras regiões |
Aracaju ainda apresenta vantagem em relação às outras capitais no que se refere à cesta básica. No entanto, o poder de compra do brasileiro – e, por conseguinte, do aracajuano – não condiz com o ideal. Segundo o DIEESE, levando em consideração a necessidade de suprir as despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o salário mínimo no Brasil deveria ser de R$ 2.285,83 - o que equivale a quatro vezes o mínimo em vigor, de R$ 545,00.
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