Em período de campanha eleitoral a paisagem da Avenida Beira Mar se modifica como em nenhuma outra época do ano. Amontoados de santinhos, faixas e bandeiras dos candidatos se espalham ao longo do calçadão da 13 de Julho. A sujeira produzida pelo lixo eleitoral e a quantidade excessiva de bandeiras incomoda quem passa pelo local, assim como em outras regiões da cidade, mas por outro lado, traz a oportunidade de ganhar uma renda extra.
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Foto: Iuri - f /4; V 1/60; ISO 200 e lente 24mm |
Os seguradores de bandeiras e entregadores de santinhos espalham-se por toda cidade, e especialmente nas ruas e avenidas de maior circulação. A rotina de trabalho varia de acordo com cada candidato e partido, assim como o salário recebido. Para alguns são mais de 12 horas diárias de trabalho.
A estudante Juliane Fernandes, por exemplo, chega à Beira Mar por volta das 7h da manhã e só vai embora depois das 19h. Apesar de considerar cansativo já é a segunda vez que ela trabalha segurando bandeira de candidatos. Uma das formas que usa para evitar um grande desgaste é aproveitar qualquer folga para descansar. “Com tantas horas em pé o corpo cansa e é preciso dar uma cochilada para repor as energias“, diz a estudante.
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Foto: Lígia Goes - f /9; V 1/320; ISO 200 e lente 48mm |
O pagamento dos seguradores, que pode variar a depender do candidato, está associado a assinatura de um contrato que lhes garante uma série de direitos trabalhistas, muitas vezes não cumpridos. Nem todos recebem colete refletor, filtro solar, ou mesmo água mineral e lanche em horários apropriados. A maioria, no entanto, não reclama. Em geral eles são estudantes ou desempregados, que vêem a oportunidade apenas como uma opção de garantir qualquer rendimento no fim do mês.
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Foto: Wilson Segundo - f /8; V 1/250; ISO 200 e lente 18mm |
Os seguradores utilizam as mais variadas estratégias para ajudar a passar o tempo. Conversar é uma delas. As amigas Aline, Adriana e Cicéra passam horas batendo papo, mas sem se descuidar do trabalho. “É um trabalho que a gente se diverte fazendo. Dá para colocar as fofocas em dia“, conclui as amigas. Já a cabeleireira Elaine Nascimento se distrai ouvindo música. Apesar dos problemas ela não esconde a satisfação de trabalhar pela terceira vez em campanha eleitoral. “Se pudesse todos os anos teria eleição, eu adoro trabalhar com isso” relata a cabeleireira.
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Foto: Ligier Goes - f /7,1; V 1/200; ISO 200 e lente 50mm |
Mas nem todo mundo está satisfeito. Quem comercializa no local não vê a hora de acabar a campanha eleitoral. Seu Antônio, que tem um quiosque de coco verde há dez anos no local, diz que a intensa movimentação de seguradores de bandeiras tumultua a região e acaba afastando os frequentadores adeptos da caminhada, o que resulta numa diminuição de pelo menos trinta por cento nas vendas de água de coco.
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Foto: Lunna Santos - f /5; V 1/20; ISO 200 e lente 34mm |
Outros que reclamam são os agentes de limpeza. Aristides Araújo, que faz a limpeza da área, diz que a falta de educação é inaceitável. Ele conta que chega a oferecer aos coordenadores de campanha sacolas plásticas para colocar o lixo, mas eles ignoram e depositam o material em qualquer lugar do calçadão. “Pegam as sacolas que nos damos e jogam no chão como fazem com o resto do lixo”.
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Foto: Taylane Cruz - f /8; V 1/250; ISO 200 e lente 20mm |
São milhares de pessoas por toda a cidade segurando as bandeiras dos candidatos que, através do excesso, tentam chamar a atenção de pedestres e motoristas. A idéia de que um número maior de bandeiras deva significar um número maior também de eleitores gera tal estratégia que por vezes beiras a megalomania e atrapalha a rotina de outras tantas pessoas.
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Foto: Iuri - f /3,5; V 1/60; ISO 200 e lente 7mm |
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álbum virtual.
Por: Iuri Max, Lígia Goes, Ligier Goes, Lunna Santos, Taylane Cruz e Wilson Segundo
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