No Tobias Barreto, as histórias dos bastidores contadas por quem faz o teatro acontecer aos olhos do público
Por Iargo Souza, Nayara Arêdes, Victor Limeira
e Raimundo Morais
Fundado há cerca de dez anos, o Teatro Tobias Barreto é o grande espaço público das manifestações culturais e artísticas em Sergipe. Durante sua história, o TTB já recebeu grandes espetáculos, de projeção internacional, nacional e local. Entre cores, sons, textos e movimentos, o mistério do teatro se faz realidade para o público. Quem assiste a apresentação, no entanto, muitas vezes ignora a complexa dinâmica de trabalho que acontece nos bastidores.
As palavras de Tobias Barreto no hall de entrada do teatro |
Além do palco com área de atuação
de 16m e dos 1328 lugares divididos entre mesanino e plateia, o Tobias Barreto
conta ainda com sala de dança, 11 camarins, seis camarotes, sala da técnica,
salas administrativas e a sede da Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) – onde
acontecem ensaios diários com mais de 70 músicos. Quando os holofotes se
apagam, toda esta estrutura pulsa para criar a atmosfera de um novo espetáculo.
O teatro e o público
Salete Martins, diretora administrativa do TTB |
A produção de espetáculos no TTB é
realizada por conta de produtores locais, com o apoio estrutural da diretoria
do teatro. Há quatro anos o Tobias Barreto tem sido ainda mais requisitado
devido às reformas no Teatro Atheneu, cuja conclusão está prevista para o
próximo ano. “Estamos com uma grade fechada até 2013, já que o TTB está sozinho
atendendo a demanda de todos os eventos do estado”, diz Salete Martins. Com o
término da reforma do Atheneu, o Tobias Barreto passará por um período de
recesso para manutenção – o que não acontece desde sua abertura.
A reforma do Atheneu colaborou para
que o Tobias Barreto pudesse atrair um público mais popular, sobretudo com os
preços acessíveis nas peças que contam com o apoio do governo federal. Soma-se
a isso as políticas para atrair público ao teatro como a disponibilidade de
acentos gratuitos para deficientes, meia entrada para estudantes, idosos e professores. Essas ações têm
contribuído para que as pessoas criem o hábito de ir ao teatro, um espaço que
antes era tido como elitizado. “O teatro aqui abriu uma porteira. E isso fez
com que Sergipe se transformasse numa potência dentro do cenário cultural
brasileiro. Por aqui estão passando turnês de grandes espetáculos, com artistas
consagrados”, diz a diretora administrativa. Os gêneros que trazem maior
público ao teatro são os chamados stand
up, as comédias e os shows de música. Além disso, o TTB tem aberto espaço
para a produção de espetáculos infantis.
A diretora chama a atenção para a
falta de consciência na utilização do espaço do teatro. “Algumas pessoas querem
levar comida, entrar depois do início da apresentação e até atender o
celular.”, conta Salete. A funcionária da limpeza Vilma Matos confirma: “o
público sergipano precisa se educar mais. Trabalho aqui há dez anos, e já
cheguei até a ver briga por comida”. Por esse motivo, a coordenação do TTB tem
a intenção de lançar no próximo ano uma campanha institucional para a educação
dos espectadores.
A técnica
Técnico prepara os equipamentos pra o show da noite |
Na composição de uma peça teatral,
a técnica assume o papel de transformar a idéia do artista em algo concreto. A
junção entre a interpretação, a iluminação, o som, o cenário e os efeitos de
cena é o que dá a identidade do espetáculo aos olhos do espectador.
Segundo o técnico em iluminação
Sérgio Robson, a cenografia cria o clima do espetáculo. “A concepção de
iluminação é feita como uma pintura. O artista nos passa o plano do show, e nós
fazemos uma interpretação para criar a atmosfera”. Para Sérgio, participar do
planejamento faz com que o espetáculo perca a “mágica”. “Todos se tornam iguais
nos bastidores, desde o artista até a técnica”.
"A iluminação é 30% do show, talvez até mais", diz Sérgio Robson. |
O técnico em sonoplastia Tadeu Oliveira fala da dificuldade e do prazer de trabalhar no teatro: “A gente chegou hoje aqui 9h, e só vai sair lá pra meia noite. As pessoas ligam a televisão e pensam que já está tudo bonitinho, mas tem uma série de técnicos trabalhando pra que tudo dê certo. No teatro é a mesma coisa. A profissão é boa, dá até pra ganhar dinheiro na medida do possível. Mas a gente tem que amar o que faz”.
Na cabine de som, longe dos olhos do público, o espetáculo ganha vida. |
A atriz
Com 15 anos de carreira, Rosana ainda sente aquele "friozinho na barriga" ao entrar em cena. |
Apaixonada pela profissão, Rosana
se diverte ao contar as histórias por trás da coxia. Para a atriz, um dos
grandes marcos de sua carreira aconteceu na Paraíba, em uma montagem de “O
Santo e Porca”, de Ariano Suassuna. Ela conta do nervosismo ao representar o
texto diante de seu autor, que estava sentado na primeira fila: “quando o texto
é de humor, a gente sempre tem a possibilidade de brincar e colocar ‘cacos’.
Mas o autor estava lá, aumenta a responsabilidade de não distorcer o texto.
Acabou que saiu tudo bem, ele gostou, veio falar com a gente, autografou um
cartaz da peça. Foi muito bom.”
"É no camarim, à medida em que a gente vai colocando o figurino, a maquiagem... é aí que o personagem surge", conta Rosana. |
A atriz, que já atuou em espetáculos
como “O Casamento Suspeitoso” e “Os Saltimbancos”, nunca recusou um papel.
Afirma ainda que não teria problemas em ficar nua no palco. “Já atuei como
lésbica, prostituta, homem, e já cheguei a ficar só de calcinha em cena. Não
escolho o papel, é ele quem me escolhe. Se fosse preciso ficar nua, não teria
problemas, desde que o nu tivesse uma intenção artística. O corpo não pode ser
banalizado”.
Para Rosana, atuar no palco do TTB
ainda causa algum receio. “Ele é muito imponente. É difícil ocupar um palco tão
grande. Para o artista, o palco mais aconchegante ainda é o do Atheneu. Como a
gente costuma dizer, o Atheneu é o ‘primo pobre‘, e o Tobias é o ‘primo rico’.”,
brinca. “Mas o importante mesmo é estar no palco. A força do espetáculo é tão
forte que pra alguns artistas é difícil sair do personagem. Para mim, o teatro
é um meio transformador, em que eu aprendi muito.”
O espetáculo
Depois de um longo tempo de
planejamento e todo um dia de montagem, eis que os esforços de todos os
profissionais dos bastidores são postos à prova. Chegada a grande hora, quando as cortinas se abrem, o artista
deixa de ser uma pessoa comum para incorporar seu personagem. Neste momento, meses de ensaio e
dedicação encontram seu ponto culminante, o que justifica o clima de tensão. “A
concepção do show é uma gestação, e a estréia é o parto”, diz Pierre Feitosa,
diretor do espetáculo Seu Tipo. Nesse show, o artista Audry da Pedra Azul
personifica o cantor Ney Matogrosso, dublando de forma passional algumas das
principais canções de seu repertório.
Audry da Pedra Azul e Ezequias Carvalho interpretam Pavão Misterioso |
Coreografias bem elaboradas envolvem o público |
"Não faço plágio, e sim homenagem. Por isso, já fui reconhecido pelo próprio Ney, meu ídolo", conta Audry. |
Nascido em São Cristóvão, Ezequias Carvalho já dançou ao lado de Ana Botafogo. |
Artista, bailarinos, música e luz compõem o espetáculo |
Alfredo Martins e sua esposa, Elizabeth Almeida, deixam o teatro satisfeitos. |
No fim do show, equipe agradece ao público. |
O trabalho de vocês é muito bom... Parabéns por transmitir de forma clara e objetiva a importância de cada profissional que atua nesse maravilhoso mundo que é o Teatro. Parabéns também a todos que fizeram com que o espetáculo Seu Tipo, no qual o artista Audry da Pedra Azul cantou e encantou a todos, se tornasse esse grande sucesso. Eu sou super detalhista e perfeccionista com relação a detalhes e achei tudo perfeito do começo ao fim...Parabéns de verdade ...Ah... e manda pra mim, por favor, aquelas fotos q vcs tiraram no camarim! Bjo e sucesso pra vocês.
ResponderExcluirMara Angelo