quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Beleza e descaso: Os dois lados do patrimônio histórico e arquitetônico de Aracaju

Palácio Museu Olimpio Campos, Praça Fausto Cardoso
Antiga Alfândega, Praça General Valadão
Por: Emily Lima, Egicyane Lisboa, Lenaldo Severiano, Liliane Nascimento e Pedro Rocha

Antiga Escola Normal, atual Centro de turismo
Há um século era inaugurado em Aracaju o prédio da Escola Normal que, com seus arcos românicos e colunas neoclássicas, representa a arquitetura que marcou aquela época e se tornou a história das épocas seguintes. Um passeio pelo centro da cidade mostra a fusão do atual e do antigo e este se dividindo entre um preocupante descaso e uma beleza que leva para outros tempos.


Varanda traseira do Palácio Olimpio Campos
 Não há como não se encantar com os detalhes do Palácio do Governo que em cada janela, cada parte parece trazer uma poesia impar, sendo até difícil acreditar que um lugar tão belo já foi utilizado para qualquer outra função que não encantar os olhos dos aracajuanos e dos turistas. Ainda assim neste palácio funcionou a sede do governo estadual, onde residiram governantes que somados deram conta de parte da história política do estado. Localizado na Praça Fausto Cardoso o prédio foi restaurado em 2007 tornando-se o Museu Olímpio Campos e agora um dos pontos turísticos mais belos da cidade.
Fachada do antigo Cine Rio Branco, Rua João Pessoa
A história se espalha pelo calçadão da João Pessoa, em muitas fachadas que são escondidas pelas placas chamativas das lojas e lembram timidamente que por ali já passaram pessoas a passeio, em direção a Igreja de São Salvador, a primeira construída na nova capital ou indo para o Cine Rio Branco, um dos mais antigos cinemas do Brasil e também um raro exemplo de patrimônio historio que foi “destombado” graças aos argumentos do então governador Albano Franco, indicando que para tombar um patrimônio, deve prevalecer a importância arquitetônica e não sua relevância histórica e cultural.


Igreja de São Salvador, cruzamento das ruas Laranjeiras e João Pessoa
Sede da OAB, Avenida Ivo do Prado
 Entre as belezas da cidade a atual sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) chama atenção pelo requinte e pelos detalhes nas janelas, nas sacadas, nas cores e na curva sinuosa da escada que mais parece um convite aos passantes. Antes ocupado pela Família Rollemberg, o prédio é uma vitrine da tradição arquitetônica do estado, fazendo menção a uma época em que os sergipanos tinham a cana-de-açúcar como o principal mantedor da economia. Outro prédio antes ocupado por residência e que data do início do século XX é a atual sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Sergipe, que antes de tornar-se órgão público foi comprado de nada menos que 22 pessoas, herdeiras do patrimônio.
Prédio do Atheneuzinho, Avenida Ivo do Prado
Em processo de reforma está o prédio Atheneu D. Pedro II, conhecido como Atheneuzinho, que foi inaugurado em 1926, tombado em 1985 e está fechado desde 1996. A reforma financiada pelo Banco do Estado de Sergipe (Banese) deve transformar a antiga escola em um centro cultural de referência no uso da tecnologia para promover, produzir e divulgar a história sergipana. O prédio deveria ter sido entregue em junho de 2010.
Entre os espaços que não recebem a atenção devida, está o da antiga Alfândega um dos mais antigos da cidade e que apesar de ter um projeto de reforma aprovado pela prefeitura continua abandonado. Esta não é a primeira vez que projetos de reforma deste prédio são encaminhados, a última tentativa data de 2010, quando o edifício foi incluído em uma seção do Programa de Aceleração do Crescimento voltada para cidades históricas.  Segundo denuncia do Jornal Cinform em julho de 2011, o prédio vinha sendo usado, entre outras coisas, com ponto de consumo de drogas, o lugar parece muito distante do que recebeu a visita de D. Pedro II e de sua esposa em 1860.
Avenida Rio Branco
Na mesma visita o imperador hospedou-se no prédio da Delegacia do Ministério da Fazenda, localizado na Praça Fausto Cardoso, esquina com a Avenida Rio Branco, nesta avenida encontram-se muitas casas que foram utilizadas para o comércio, mas que hoje se encontram fechadas e em precário estado de conservação. Esta parte da cidade, próxima do centro comercial, mas onde nada acontece, transmite uma sensação de decadência bem diferente da que era comum no início do século XX quando a avenida, antes denominada Rua da Aurora, recebeu o primeiro bonde de Aracaju.
Delegacia do Ministério da Fazenda, Praça Fausto Cardoso
Hoje Aracaju não tem mais a poesia de outros tempos, as ruas não estão mais cheias de boêmios e intelectuais cantando a beleza do lugar, as cortinas do Cine Rio Branco já não abrem e os proprietários não são mais românticos como eram. Mas na cidade em que os mais belos e os mais destruídos patrimônios se encontram, ainda há uma esperança para a cultura e para a perpetuação da história, em cada aracajuano que para a admirar a beleza de um monumento.
Detalhe superior do Palácio Museu Olimpio Campos
Mercado Thales Ferraz

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