quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Natação inclusiva em Sergipe.


Preparativos para mais um treino.


Por ELA Leão, Helder Santos, Joseilton Bispo,Osmar Rios Wallison Oliveira  .

Um dos esportes mais completos é a natação, pois trabalha todos os grupamentos musculares. Além disso, ajuda a reduzir a gordura corporal, alivia as tensões diárias e ajuda a recuperar lesões. Importante ressaltar que o risco de lesões para quem pratica esse esporte é pequeno porque a água amortece os impactos. A natação possui quatro estilos: crawl, costas, peito e borboleta. Além disso, ela permite transpor barreiras e superar limites, como é o caso de alguns alunos do professor Ivan.

Não é fácil, mas Ivan tenta incentivar ao máximo os alunos a vencerem na vida.
Ivan Alves Secundo dá aula há seis anos em uma turma de natação inclusiva. Tudo começou quando ele recebeu um convite da DRE 08 (Diretoria Regional de Educação) para formar uma turma que incluísse deficientes. Essa Diretoria abrange oito municípios de Sergipe – inclusive a Grande Aracaju – com um total de 65 escolas.

Ao todo neste projeto são cerca de 100 alunos, sendo 50 portadores de necessidades especiais (físico, visual, mental e auditivo). Os treinos acontecem segunda, terça e quarta das 08:30 às 11 horas e, no sábado, das 8 às 10:30, na piscina do antigo Colégio Brasília, onde hoje funciona o CQP – Centro de Qualificação Profissional.  

“Hoje ainda existem contratempos como: manutenção da piscina e locomoção dos alunos – mesmo aqueles que não possuem deficiência. Mas, há também incentivos do governo, que conseguimos após bons resultados em competições”, afirmou o professor.


Trabalho em grupo: todos unidos no caminho do recnohecimento.

Em março deste ano, Jackson Santos Souza, 21 anos, e Andrei Luiz Carvalho, de 18, ganharam ao todo 11 medalhas (seis de ouro e cinco de prata) na etapa Norte-Nordeste do Circuito Paraolímpico da Caixa de Natação.
   
Segundo Ivan, trabalhar com estes alunos requer muito conhecimento das deficiências para saber lidar com elas e ter uma ideia dos limites físicos e psicológicos de cada um. É necessário também se tornar muito mais “humano”, pois é um verdadeiro teste de paciência. Ele ainda complementa que os deficientes são bem motivados, e dificilmente arrumam desculpas para faltar, pelo contrário, são bem mais dedicados que outros atletas ‘normais’.

Muita disposição dos nadadores antes de entrar na piscina.
Durante o treinamento é comum a presença das mães, autorizadas pelo professor, aproveitando para dar apoio ao filho e também conversar para se descontrair. O interessante é que há um acordo entre o professor e as mães, ele libera a entrada, mas pede para não interferirem durante o treino e funciona muito bem.  

Outro destaque é quanto os tipos de nados. Os chamados de “nados alternados” são o crawl e costas, e seu treinamento é de forma semelhante aos ‘normais’.

Já os “nados simultâneos”, o peito e borboleta, são um pouco mais complicados e requerem uma didática diferente e mais próxima à compreensão do portador de necessidades especiais. 

Ivan com toda calma e dedicação servindo de despelho para o nadador Naam.

Um grande exemplo desta turma é o garoto Naam, de nove anos. De acordo com a mãe dele, Dona Araly, ele tem deficiência intelectual e as principais dificuldades eram sempre no relacionamento com as pessoas e o preconceito por conta da deficiência. Naam, que pratica natação desde os cinco anos, conta que as principais conquistas obtidas foram: uma melhor autoestima, aprender a trabalhar em equipe e autoconfiança.

Naam, aprendendo desde criança a lidar com os obstáculos da vida.

Vale lembrar que alguns atletas recebem o Bolsa-Atleta. Em 2010, eram nove alunos, e atualmente são apenas cinco. O Bolsa-Atleta é um programa do Governo Federal, gerido pelo Ministério do Esporte, que visa garantir a manutenção pessoal aos atletas de alto rendimento que não possuem patrocínio. Com isso, busca-se dar as condições necessárias para que se dediquem ao treinamento esportivo e possam participar de competições que permitam o desenvolvimento de suas carreiras. O valor do benefício mensal varia de R$ 300,00, para atletas estudantes, a R$ 2.500,00, para esportistas olímpicos e paraolímpicos.
Conheça mais sobre o Bolsa-Atleta .


Jackson, um dos medalhistas e grande promessa.

Com muita paciência, professor Ivan conversa e dá instruções e dicas.
“O movimento paraolímpico está crescendo, e isso é bom. Devemos apostar nesse pessoal, aqui já estamos revelando muitos talentos como Jackson e Andrei. E aos poucos outras modalidades esportivas vão ganhando espaço não só aqui no Estado, mas em todo o país”, finalizou o professor Ivan.


Muita disposição, determinação e disciplina no treinamento.

Achou interessante a natação inclusiva?               Veja mais fotos (galeria).

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