terça-feira, 20 de setembro de 2011

A agroecologia a serviço da sociedade

EVA - Espaço de Vivência Agroecológica


Por Agatha Cristie, Sóstina Silva, Ayalla Anjos e Carlos Vitor

   Em setembro de 2005 um grupo de estudantes de biologia, engenharia agronômica e engenharia florestal da Universidade Federal de Sergipe se reuniram em torno da temática da agroecologia e criaram o EVA - Espaço de Vivência Agroecologica – cujo objetivo do grupo é despertar nas pessoas a reflexão sobre a necessidade de construção de outra forma de relação entre o homem e a natureza.
   A agroecologia - método adotado pelo grupo - surgiu como uma forma alternativa de interação entre homem e a natureza, visando uma relação mais harmoniosa e se contrapondo ao modelo convencional de produção agrária. Dentro disso, se estuda e se pratica diversas técnicas agroecológicas buscando um melhor aproveitamento dos recursos naturais, através da não utilização de adubos químicos e preocupação com a questão social e econômica.


Silvio Marcos, estudante de Engenharia Florestal

   “Quando começou, o EVA era apenas um grupo de estudo, logo depois surgiu a vontade de praticar agroecologia. Hoje temos um espaço de 10 mil m² que agregam cerca de 20 alunos e professores, de diversos cursos. Embora predomine o pessoal de agrárias, tem Comunicação Social, Ciências Sociais, Engenharia Florestal, Agronomia e Zootecnia”, explica Silvio Marcos, aluno de Engenharia Florestal.
   Nos espaços do EVA são realizados estudos de temas agroecológicos, desenvolvimento de pesquisas e práticas alternativas como sistemas agroflorestais sussecionais, hortas orgânicas, minhocário, compostagem e adubação orgânica. O grupo também participa eventos acadêmicos e científicos, além de realizar atividades facilitadas pelo grupo, como simpósio, oficinas e palestras.
  A partir da prática agroecológica ocorreu, no solo onde se localiza o EVA, o aumento da biodiversidade tanto da flora como da fauna, como o aparecimento de agentes polinizadores. Na área já foram produzidas diversas espécies como milho, feijão, tomate, abóbora, fava, coentro, amendoim, melão, quiabo, mamona, cajueiro, pau-brasil, mulungu, pupunha, bananeira, jatobá, sombreiro, mamoeiro, juazeiro, mandioca, cana-de-acucar e abacaxi.


O estudante de Engenharia agronômica Johny Mendonça



Tudo é reaproveitado no EVA, como por exemplo, pneus velhos


Proteção contra os raios do sol também faz parte do dia-a-dia

O estudante Paulo Lopes na mandala de hortaliças utilizada 
para aproveitar espaço em pequenas propriedades

   Atualmente o programa oferta duas bolsas de extensão e 3 de PIIC, para 2012 foram aprovadas 13 bolsas de extensão. “O EVA possibilita que a Universidade cumpra seu papel social, ou seja, chegue até os camponeses e ao mesmo tempo, amplia os espaços de aprendizagem, afinal, não estamos simplesmente ensinando ou repassando algo, mas aprendendo muito, nessa troca de experiências”, declara Rita Fagundes, coordenadora do grupo.


Quadro de atividades a serem realizadas no dia

Para além da Universidade
  Com a continuidade dos estudos e das práticas, o grupo pretende atingir espaços que ultrapassam os muros da universidade com trocas de experiências com as comunidades, principalmente rurais.
   O programa busca produzir conhecimento e práticas que estejam atreladas as necessidades do campo sergipano, tendo como compromisso o desenvolvimento da agricultura familiar e camponesa (70% das propriedades em Sergipe são classificadas como pequenas propriedades).


As mudas que são plantadas com adubos orgânicos feitos no próprio EVA

   “O foco do EVA no momento é o MST, é o pré-assentamento Mário Lago, em Riachuelo, onde já fizemos um diagnóstico, verificando os problemas sociais e ambientais e partir daí vamos trabalhar com oficinas práticas e teóricas em que serão apresentados os conceitos sobre agroecologia”, afirma Tatiane Leal, estudante de Zootecnia e integrante do grupo.

Resultados
   Após alguns meses de reuniões, o EVA trouxe para a Universidade Federal de Sergipe o V Simpósio sobre sistemas agroflorestais em parceria com a Embrapa, Petrobrás e UFS. O evento contou com a participação de estudantes, agricultores e professores, resultando na primeira intervenção na área do grupo, o plantio de um Saf’s.
   O grupo também facilitou duas oficinas, uma na IX Semana da Biologia de Sergipe e outra no Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET). Em ambas houve discussões teóricas sobre a agroecologia, meio ambiente e sociedade, posteriormente com construções de hortas orgânicas.
  Alguns integrantes tiveram a oportunidade de expor o trabalho em forma de painéis, em eventos como o 36 CBEEF (Congresso brasileiro de estudantes de engenharia florestais) e no IX ERA (Encontro regional de agroecologia), realizados em Piracicaba-SP e Recife-PE, respectivamente.


Rita Fagundes, coordenadora do projeto

   “No EVA é possível praticar e vivenciar essas novas práticas. Entendemos que a agroecologia não é apenas um conjunto de técnicas ecologicamente corretas e sustentáveis, mas é também, carregada de ideologias e visões de mundo e de sociedade que tem como perspectiva a construção juntamente com comunidades, de um novo modelo agrário aliando o conhecimento cientifico ao popular”, declara Rita Fagundes, coordenadora do grupo.


Grupo de estudantes que fazem parte do EVA
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